domingo, julho 01, 2007

O ENSINO DA ARTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

“(...) a arte na educação infantil possuía um perfil de recreação e de desenvolvimento emotivo e motor. Hoje, a arte na educação infantil está em processo de rupturas e transformações, exigindo das políticas educacionais, dos cursos de Formação de Professores, especialmente das Licenciaturas em Arte, um comprometimento com os aspectos cognitivos, sensíveis e culturais. Cabe então, a todos os profissionais que atuam direta ou indiretamente com o ensino da arte, uma reflexão não somente dos processos de sala de aula, mas também do seu papel como cidadãos, protagonistas de uma história.” (Pillotto e Mognol;2006)
Diferentemente do ensino fundamental, o tempo dedicado à arte na educação infantil tem sido superior pela sua especificidade. A utilização de trabalhos manuais e a expressão criativa nos primeiros anos escolares sem dúvida apresentam-se com uma contribuição significativa não somente para o desenvolvimento motor da criança, mas também para que estas possam extrapolar suas emoções e dar mais elementos ao educandos para compreendê-la. Porém, quais leituras fazem as crianças quando das suas produções? Como vêem a produção artística dos colegas? Qual o contato com as diversas formas de arte? Como elas compreendem as produções artísticas deixadas por outros atores que fazem parte da história da humanidade e, consequentemente, da sua própria história?
A compreensão das diversas produções deixadas pela humanidade ao longo da história se constitui em um acervo riquíssimo que deve ser explorado pelos professores, não somente especialistas na área da arte (sem dúvida estes possuem uma maior responsabilidade), mas também pais e professores que entendem a arte como resultado da relação entre emoção e razão, entre o eu interior e o eu exterior, entre elementos subjetivos e elementos objetivos, entre o eu e o mundo, situado num determinado tempo/momento histórico, com cultura e leis específicas.
Uma pessoa (incluí-se aí crianças, jovens ou adultos) que é capaz de fazer uma leitura crítica de uma produção que não é sua, possui maior facilidade em compreender os mais diversos acontecimentos e as transformações ocorridas na sociedade, percebendo-se como resultado deste processo.
Dessa forma a criança, bem como o adulto, também está situada em determinada sociedade sendo ator e resultado desta, expressando, transformando e reproduzindo valores e comportamentos em suas produções. Assim, torna-se fundamental que desde a infância estimulemos nossas crianças à não somente valorizar, mas buscar compreender os elementos intrínsecos na produção do artista.




Referências Bibliográficas:
* PILLOTTO, Silvia Sell Duarte e MOGNOL, Letícia Coneglian. Propostas para a arte na educação infantil. Disponível em:
http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=24. Acesso em: 18 de setembro de 2006.
Fonte(imagem):http://www.letras.ufmg.br/atelaeotexto/revistatxt4/images/maozinhas.jpg

Para nos fazer refletir

AS CRIANÇAS PERCEBEM O MUNDO COM SEUS OLHOS DE CRIANÇA QUE, GERALMENTE, É DIFERENTE DO OLHAR DE UM ADULTO


É interessante como uma criança é capaz de nos deixar perplexos diante de suas afirmações, convencidas (e convincentes) derrubam argumentos que nos parecem óbvios.

Certo dia, uma colega me contava que não conseguia fazer sua filha (na época com cinco anos) a comer alface, que sempre reclamava: "não entendo porque devo comer alface, é muito ruim!". Procurando convencê-la, a mãe justificou: "minha filha, você precisa comer alface para ficar com a pele mais bonita, mais lisinha.", mas ficou sem palavras quando a criança questionou:"mas mamãe, o jabuti come muita alface, e você já viu como é a pele dele?"

Muitas vezes acreditamos que as crianças, especialmente as menores de seis anos, são incapazes de compreender questões mais complexas e procuramos "explicar" situações de forma imediatista, sem nos darmos conta de que os pequeninos também percebem o mundo, mas a partir de hipóteses criadas por eles.

Durante o lanche, meu filho de nove anos estava tentando fazer "pegadinhas" com sua irmã de cinco, e perguntou de onde vinha o chocolate, ela prontamente respondeu: " do chocolateiro, ora". Elaborou melhor a pergunta, e novamente: "Eu perguntei de que árvore vem o chocolate". Contrariando as expectativas do irmão, ela respondeu: "Vem do cacaueiro!!".

Só depois lembrei que somente uma vez expliquei a ela como se fazia o chocolate, mostrando sua relação com o cacau (que ela adora) e não pensei que pudesse ter ficado registrado.