INFORMÁTICA EDUCATIVA

O TRABALHO COM PROJETOS

Não é de hoje que se discute a necessidade de se pensar o processo ensino-aprendizagem a partir das necessidades do aluno. No entanto não é tarefa fácil abandonar velhas práticas sobre as quais recebemos nossa educação, seja no ambiente familiar ou na escola.

Estudiosos como Froebel, Decroly, Montessori e Dewey nos levam à reflexão sobre uma concepção de educação que nos exige uma nova postura enquanto educador, onde não somos os detentores do saber, mas temos a responsabilidade de auxiliar nossos alunos na construção de seu próprio conhecimento, levando-os a “aprender a aprender”.

Para que tal processo ocorra, é preciso que haja interesse dos alunos – provocado pelas inquietações vividas por eles – e assim sejam capazes de intervir na realidade “como sujeitos de da própria história”, como afirma Paulo Freire. O trabalho com projetos deve partir desse pressuposto, levando à construção/busca pelo conhecimento a partir de “uma nova cultura de aprendizagem” (ALMEIDA, 1999) que valorize os conhecimentos trazidos pelos alunos à escola e torne significativa a aprendizagem, propondo-se à novos desafios.

Como nos afirma ALMEIDA (2009),”Projeto é um design”,a configuração de algo que se pretende como objetivo, estando intimamente relacionado a ações, porém apresenta-se aberto e flexível justamente para que se permita ao que se propõe. O desenvolvimento de projetos rompe com o trabalho solitário do professor e abre para a busca por parcerias dentro, ou mesmo fora da escola.

Permite, inclusive, fazer relações que a piori não seriam possíveis no trabalho disciplinar,pois cada professor apresenta uma forma específica de desenvolver seu trabalho e dificilmente se daria conta da maneira específica que o aluno constrói o conhecimento. Tal atividade é trabalhosa, porém apresenta excelentes resultados não apenas para alunos,mas também aos professores que sentem-se desafiados à novas buscas,e descobertas.
O PROJETO "EM AÇÃO"

A grande dficuldade enfrentada durante a realização do projeto tem sido a reforma pela qual a escola vem passando. O Laboratório não estava funcionando e mesmo as salas de aula não ofereciam estrutura adequada para a relização das aulas, além de estarmos com uma área externa reduzida por conta das obras. No entanto, foi possível desenvolver a primeira parte do projeto através da utilização do data show nas salas de aula ( o que me desgastou muito fisicamente) e imediatamente após o retorno à SIE, inicie as atividades no computador com algumas adaptações ao projeto, visto já ter realizado atividades de registro em sala. Um elemento que considero muito importante, é a participação do professor regente. Nas salas onde houve a parceira, seja com a presença dos professor em sala, seja pelo aprofundamento do tema no ensino regular, o projeto vem apresentando resultados.

Algo que precisa ser considerado, é a frequente solicitação por parte da administração da escola para assumirmos turmas sem professor, o que inviabiliza o cumprimento do planejamento como desejamos.

CURRÍCULO E SUAS CARACTERÍSTICAS

Algo que observo muito nas escolas nas quais trabalho é a relação que estabelecemos com os alunos e entre nossos pares. Além das questões de ordem política, que não seria possível aprofundar aqui, o currículo oculto que se apresenta na escola precisa ser considerado e discutido, se desejamos de fato garantir uma aprendizagem significativa para nossos alunos, bem como ver sentido em nosso trabalho.

Thurler (2009) nos leva a uma profunda reflexão, ao propor que "devemos substituir o "eu e minha classe" por uma afirmativa consistente de "nós e nossa escola". O trabalho com projetos não permite que continuemos fragmentando tal processo, assim como não podemos fragmentar o conhecimento. A "sociedade da informação" (ou seja qual for a denominação") é um fato e, queiramos ou não, a sobrecarga de informação recebida através das tecnologias é imensa, assim como as inúmeras conexões que estabelecemos. Cabe à escola ajudar a "filtrar" tais informações, incentivando a reflexão e o trabalho interdisciplinar.

Contudo, antes de mais nada, é preciso ter claro qual o tipo de sociedade que queremos, bem como, que cidadãos desejamos "formar". Nesse sentido, muito mais do que as pressões políticas sobre a escola, o papel político desempenhado pelo professor certamente fará a diferença, pois tanto poderá dar à luz a novos conhecimentos, como cristalizar outros ou "obscurecer".

AS TECNOLOGIAS INTEGRADAS AO CURRÍCULO

Passei a utilizar as tecnologias de forma mais frequente na graduação, mais especificamente na disciplina Tecnologias Aplicadas à Educação, e lembro-me da grande dificuldade que enfrentei em virtude do pouco conhecimento na área, dificuldade de acesso e limitação de tempo, as lacunas que permaneceram ainda foram grandes. É neste contexto que se manifestam as contradições do mundo globalizado dentro de uma sociedade de classes.

Mesmo diante de muitos debates, e avanços, ainda vivenciamos um currículo que abre espaço para a "autonomia" do professor, porém institui seu controle através de sistemas de avaliação, que infelizmente é tomado por muitos dentro da escola como "um conjunto de prescrições" que devem ser seguidas. Felizmente, a tomada de consciência de tal condição e a ampliação das redes de comunicação abrem espaço não só para a reflexão, mas também para a transformação.

Acredito que muito se tem avançado nas escolas, e no meu local de trabalho não é diferente, porém ainda há muito a se fazer. É preciso buscar caminhos para aproximar mais os professores das novas tecnologias, pois nossos alunos já estão muito a frente de nós. É preciso discutir - propor e efetivar - o currículo como um hipertexto, citado por COUTINHO (2009), apostando na sensibilização e "formação" de professores, os quais possuem um papel muito importante, no que pese o pouco reconhecimento e a desvalorização.

No município de Belém/Pa acho que poderíamos começar repensando a Ficha-Síntese, informatizando os registros, colaborando com o meio ambiente e ajudando a diminuir o índice de professores adoecendo em virtude de LER.